Eu Acho É Doido!!!

Hoje o dia foi muito bom. Mais do que exigir rigor, tentei me divertir ao máximo. Ontem foi um dia muito estressante, e sei que muito tem que melhorar. As evidências estavam lá na apresentação.

Primeiro uma chuva fininha começava a cair, e logo alguns alunos ansiosos estavam desesperados para que ela passasse. Arrisquei levar os garotos ao centro do pátio, mesmo sob o chuvisco. Nem terminamos a primeira música e logo ela passou; foi a Marcha do Sol que ajudou na hora H. Fiquei sentido de não ter conversado com os alunos, ter feito o discurso de sempre, logo que eu ia falar o sino bateu e tivemos que nos apressar. Tudo ok na Disparada e Marcha, mas infelizmente as filas tortas continuaram, e desta vez não tinha como dar como desculpa o desalinhamento dos bumbeiros; a primeira fila simplesmente fez uma curva. Senti que o público estava meio frio hoje, me pareceu que depois do espanto das nossas primeiras apresentações, ninguém mais ficava tão impressionado com a gente. Mas depois me enganei. O público foi empolgando aos poucos porque a fanfarra foi empolgando também. É difícil para mim como professor apenas me divertir e ficar sorrindo o tempo todo ou participar de coreografias, porque minha atenção deve estar o tempo todo no andamento das músicas e nas coreografias. Devo ter todos os sentidos atentos para a harmonia, o tom das cornetas, os passos dos musicistas, a regência das músicas, a postura, compasso, a melodia, tudo. Dessa forma é até natural que eu esteja mais tenso que vocês. Para piorar a situação, minha boca ficou completamente seca quando tocava. Meus lábios simplesmente começaram a grudar, e às vezes não saía som algum da corneta. Duas coisas terríveis para quem toca instrumento de sopro, ficar com a boca completamente seca ou ficar com muita água na boca (experimente chupar um limão na frente de um músico que toca instrumento de sopro). Mas no geral tudo correu bem. Nossa segunda música começou a crescer a apresentação; e logo na terceira, o Hip Hop, a fanfarra estava mais relaxada e o público mais à vontade. É incrível o quanto os pequeninos adoram nossas apresentações. Muitas crianças subiram no banco de pedra perto das janelas só para ver a fanfarra tocar, e outros nos acompanharam marchando num maior barato. Nessa apresentação pude arriscar até improvisos. Fizemos uma volta em fila indiana, deixamos só os bumbos no baião, etc.Tudo foi documentado em filme e fotos. Espero pelas cópias, quero arquivar tudo esse ano.

Agora vamos aos destaques: Thaíza, como sempre tem me surpreendido, isso porque ela está empolgadíssima, lembra muito o Breno e a Paloma que são os mais empolgados. Ela toca direitinho, faz coreografia, suou bastante, ainda encarregou Luely e Andreza de tirarem fotos e filmarem, briga com os baderneiros; está excelente a menina. Sâmara me impressionou muito, não só na apresentação, mas no ensaio. Hoje os veteranos tocaram a Marcha de Combate e ela pegou tudinho de primeira, a menina é fera mesmo. Muito habilidosa como Camila, Laiane e Bianca. Toddy também merece aplausos porque comprou instrumento, quis voltar para a fanfarra e ainda fez compromisso com a apresentação e se saiu muito bem, na apresentação claro; pena que esse ano ele não chorou. Ele diz que isso é muito gay, mas não é verdade, foi um dos momentos mais bonitos do ano passado, sem sombra de dúvidas.

A apresentação foi ótima, mas quem diria que um ensaio seria melhor que a apresentação. Não digo pelo fato da fanfarra tocar certinha, mas porque hoje foi só diversão, para contrariar aqueles que disseram que estavam esperando uma pagação de sapo geral. Os alertas vieram, mas hoje eu quis dar nomes aos bois. Critiquei bastante o desempenho do aluno Daniel que não se esforça em tocar, o aluno Leonardo que enfrenta muita dificuldade no tarol e ainda esqueci da Ana Luísa, que depois de voltar ainda enfrenta dificuldades enormes. Para me ajudar num diagnóstico sobre a fanfarra, pedirei aos monitores que me deixem informado sobre o desempenho de cada aluno. Pedirei um relatório oral sempre nas quintas-feiras. Mas também teci alguns elogios, novamente Claro e Adair merecem destaque, mas o aluno que mais me impressionou foi Sávio, que foi um dos últimos a entrar e já mostrou que é bom na tuba. O ensaio começou normalmente, tocamos umas músicas, conversei com grupo, falei o quanto me emocionou a apresentação e tal. Depois decidi tirar a prova: os novatos estão escorando nos veteranos?

Separei a fanfarra em dois lados. Na minha esquerda os veteranos; na direita a maioria, os novatos. Enquanto um lado tocava, o outro só podia observar, depois que a outra começasse a tocar, a outra só observava também. Música vai e música vem e os novatos provaram que sabem mesmo tocar. Claro que ainda há alunos que não tocam direito, erram bastante, ou simplesmente não arriscam tocar. Mas mesmo assim eles foram muito bons, seguraram algumas músicas como gente grande até nas músicas difíceis. Depois disso decidi fazer outra presepada, um lado da fanfarra toca um pedaço de uma música e o outro lado deveria continuar de onde parou. Foi alegria total, começava o Hip Hop de um lado e fechava a mão para que esse lado parasse e ao mesmo tempo o outro começasse. Foi muito bom, em algumas músicas eu brinquei bastante, parava rapidinho um lado e começava logo no outro, terminava aqui e começava ali. Algumas coisas engraçadas aconteceram. Paloma que é invencível nos pratos hoje errou feio, até as outras meninas riram dela, tadinha. Primeiro ela reclama que eu iniciei a música de maneira errada, mas pelo incrível que pareça as pratistas do lado dela estavam certinhas só coreografando (não era o momento de elas tocarem) e ela começou a tocar errando feio no Funk do Lander. Depois tocamos outra música e lá vai Paloma sobrar de novo, até ela se surpreendeu de tocar errado. O pior eram as novatas coretando dela. Thaíza e Maria Izabel morriam de rir. Mas justiça seja feita, ela não foi a única pratista a errar. Do lado das novatas Bianca e Lohaine erraram algumas músicas. Me surpreendi bastante com a competência e o talento dos surdistas novatos mais uma vez. Num momento de puro constrangimento dos bumbeiros que não sabiam começar o Beatles, os surdistas é que introduziram e conduziram a música durante um bom tempo. Palmas para esses meninos que me surpreendem bastante e até agora é a ala que se mostra mais coesa e disciplinada.

Depois disso tudo, resolvi inventar outra coisa. Coloquei veteranos e novatos frente à frente para se enfrentarem em um duelo musical. Olhos fixos uns nos outros, cada membro de uma equipe queria ver o adversário no chão. As mãos dos tarolistas estavam ansiosos por desferir em cada batida um toque mortal no outro. Os bumbeiros se provocavam incessantemente rodando baquetas para todos os lados. As pratistas dançavam com muita vontade e tocavam com força e determinação, sempre mantendo os olhos nas rivais num claro sinal de provocação. Os surdistas chegaram a levantar o instrumento para intimidar os oponentes, e os corneteiros esgotaram os pulmões tentando humilhar os adversários. Veteranos e novatos formaram uma única fila (os novatos como eram numerosos formaram duas, na verdade) e mantinham-se distantes até a música começar. Assim que a música começava para um, logo eles iam para perto dos outros como se quisessem entrar em um combate. Depois recuavam demonstrando que a cara feia dos observadores em nada tinha ameaçado o grupo. Depois que terminavam, lá ia o outro grupo fazer o mesmo, a fim de que os oponentes ficassem abalados. Foi ótimo esse desafio. Tanto de um lado como de outro teve momentos incríveis. Mas também foram cômicos os erros. Os veteranos seguiam cheios de vontade tocando o Rock, tudo perfeito. Até que no final, quando as cornetas deveriam entrar, Fred vacila e não sabe o que fazer. As vaias foram enormes. O grupo adversário se esbaldava em risos e coretações. Depois os novatos tentavam tocar o Hip Hop, mas erraram tão feio o tempo que os instrumentos estavam cruzados. Era a hora dos veteranos rirem como nunca. Depois, lá vão eles, os de mais tempo de casa tocarem uma música difícil, a Marcha de Combate. Tudo saiu perfeito, mas novamente na hora de fechar, Toddy esquece o que deve fazer e a fanfarra para do nada. Foi hilário, os novatos rolaram no chão de tanto rir.

No fim das contas, essa guerrinha teve ambos os lados vencedores. O único que saiu perdendo foi Lucas Thiago que teve a pelo do instrumento rasgada por desgaste. Terminamos o ensaio com muita festa. Não poupei elogios ao grupo que consegue sempre me surpreender. Posso não ter as qualificações necessárias para ser um bom professor de fanfarra, mas tenho muito amor no que faço. E por isso crio coisas que nunca vi em outros grupos, mas que acho saudável e interessante. Brincadeiras como essas são motivadoras; troco os integrantes de fila para que não “colem” uns dos outros; peço para que usem roupas de frio no sol para que se acostumem com o calor do uniforme nos dias de desfile; faço provas práticas com cada um; elegi monitores para cada ala, e reconheço o trabalho por meio dos pontos que cada um tem direito. Ah, e não se esqueçam que talvez seja o único que mantenha atualizado um Blog só para vocês. Mas no fim das contas, tudo é gratificante. Vocês são os melhores e merecem muito toda a atenção.

O reconhecimento do nosso trabalho está aí. Fomos convidados para abrir o encerramento do encontro acadêmico da UEG no dia 13 de maio às 21:30h. Provavelmente deveremos estar no Coleginho esperando o ônibus às 20h. Também faremos uma apresentação abrindo os jogos intercolegiais. Mas uma conhecido meu do Hugo Lobo já me disse que eles também irão abrir os jogos. Eu afirmei que não sabia disso. Ele comentou que Coleginho e Hugo Lobo fariam a abertura no estádio Diogão, e que haveria a possibilidade do evento acontecer em maio. Bom, dessa forma fica aí o incentivo de melhorarmos ainda mais, pois podem ter certeza que eles virão com vontade de nos destronar. O desejo da Fanfarra Ruy Sena é um só: provar que é melhor que nós. E eles são muito bons mesmo, não se deve subestimar um grupo de músicos tão bons quanto os do Hugo Lobo. Mesmo assim, confio no talento, no carisma, na determinação da fanfarra mais linda que já vi, e hei? Onde estão as idéias para nossas camisetas? Estou aguardando. Farei muitos esforços para ainda sejamos os primeiros. Espero de vocês a mesma dedicação. E sabem o que eu acho de tudo isso? EU ACHO É DOIDO!!!

Ah, não poderia deixar de mencionar o que me marcou muito na apresentação. Não foram as músicas apenas, nem as coreografias, nem os aplausos somente; mas sim as balizas. Felizmente temos agora um corpo de balizas muito determinado, de grande esforço e dedicação. Hellen, Caroline e Yasmin mostraram muita elegância, alegria e vontade. Fizeram bonito a parte delas: ser o abre-alas da fanfarra. Tenho muita confiança nas três. Esperem mais um pouco e vocês vão se surpreender e muito com todas. Parabéns a cada uma de vocês balizas. Vocês estrearam com o pé-direito e empolgaram muitas pessoas.

Um abraço a todos. Parabéns mais uma vez pela apresentação. Vocês todos formam uma parte importante do Coleginho que há algum tempo foi esquecida e ano passado retornou. Ano passado foi prova de fogo para a gente. Tudo era novo e saiu maravilhoso, melhor do que esperávamos. Esse ano vai ser o ano da alegria. Nossa fanfarra vai fazer a diferença mais uma vez.

Bom descanso e até amanhã para alguns.
Bye!