Mais um ano, mais um desfile...
mas que desfile!
7 de setembro de 2011 vai ficar
marcado como o dia de um antagonismo: tivemos o pior início de desfile de nossa
curta história, mas também o melhor final.
Começamos o aquecimento muito
bem, as músicas foram passando e as expressões das pessoas em volta era de
deslumbre com a fanfarra. O nosso som estava muito bom. Gastei algum tempo
fazendo a formação de desfile e tive que encaixar membros diferentes em algumas
alas. Gabriela ficou entre os bumbos e Rafaela entre os taróis. Depois do
aquecimento, começamos o desfile de maneira atribulada. Uma discussão se
irrompeu entre escolas por causa da ordem do desfile, e mesmo antes já havia um
buraco enorme entre uma escola e outra. A solução foi corrermos um pouco, e
poderia ser pior se a Lilian não estivesse no desfile.Mais uma vez ela se torna
uma peça chave para essa fanfarra. Enquanto estávamos entrando na Visconde, havia
um espaço enorme e nós deveríamos preencher; mas Lilian correu até as escolas
da frente (por volta de umas cinco)e pediu para que eles andassem devagar
(podem olhar no youtube, na filmagem do CTG ). Se não fosse pelo pensamento
rápido dela e a atitude, teríamos corrido e muito, sem aproveitar o desfile. E
olha que ela nem estava trabalhando pela escola.
A nossa primeira metade do
desfile foi complexa. As músicas estavam sem vida e o público reagia mal,
diferente dos anos anteriores, onde todos ficavam empolgados. Algumas alas
cruzaram feio com as outras e todos pareciam nervosos. Além do mais, quase
todos estavam morrendo de sede novamente no trecho em frente às lojas de
calçado. Assim como em 2008, esqueceram da água, e o pior é que só tínhamos 7
professores trabalhando, além da força de vontade e serviço voluntário de
Lilian e Danilo, que foram fundamentais. Nessa, na verdade, muita gente que
gosta da fanfarra ajuda. Minha irmã, que já desfilou pelo Coleginho, ajudou a
Camila com o seu instrumento e observou o andamento do desfile todo.
Se a primeira metade foi ruim (a
pior nesses anos, na minha opinião), a segunda metade foi apoteótica. Logo que
fizemos a curva para seguir à praça Ruy Barbosa o público nos saudava, nos
olhava com um brilho diferente. Era esse público que esperava pela Fanfarra do
Coleginho. Eram as pessoas que já tinham nos visto em anos anteriores e queriam
mais uma vez olhar a fanfarra de som diferente. As músicas ficaram melhores,
graças a dois fatores: a animação do público contagiou a todos da fanfarra e
Breno foi fundamental trocando o bumbo pelo surdão.
A chegada na praça foi incrível.
A cada música o público se exaltava. As pessoas logo na curva dentro da praça
ficavam admiradas. Não dá para olhar o tempo todo para elas, mas eu percebi
algumas vezes comentários como “esta é a mais bonita até agora”; “o Coleginho
todos os anos é show”, “essa escola é animada”, “olha a diferença dessa
escola”. Jamais quero desmerecer os colegas de trabalho, afinal muitas outras
fanfarras são bonitas, em especial uma fanfarra pela qual tenho também grande
respeito e carinho; mas o Coleginho é de fato uma fanfarra diferente; uma
fanfarra que cresce com o desafio, que se empolga quando a gente acha que não
tem mais força; que sabe contagiar o público e mostrar que música realmente
surge do coração. Em frente ao palanque, a dúvida: iríamos realmente parar? Sempre
disse que minha resposta chegaria com o desfile, que não tinha previsão do que
ia acontecer. Assinei realmente um documento que atestava que eu não iria parar
em frente ao palco. Mas tomado de emoção, feliz pelo público que nos recebia,
contente com a performance dos músicos, e descontente com alguns erros de
organização do desfile, decidi que era a hora de parar e mostrar porque somos o
que somos. Tocamos o Funk do Lander e o Beatles com muita precisão na música e
na coreografia. Foi para mim um dos melhores momentos.
Depois paramos no posto, e
aguardamos pelo fim do desfile. Quando o Hugo Lôbo chegou, o clima era de
festa. Em todos esses anos fico feliz de saber que os alunos de uma escola e de
outra se respeitam e se gostam. Fico contente de ver a admiração dos alunos do
Coleginho para com os alunos da Fanfarra Ruy Sena. Quando ouviram o som do
professor Lander chegando ao posto, muitos alunos correram para a lateral da
rua só para vê-los passar. Em seguida, pura descontração. Os alunos de ambas
escolas tocavam juntos e se divertiam. Um momento único, muito comovente,
descontraído e de pura simpatia. Tiraram fotos com o Lander e cumprimentaram os
colegas com música. Após esse instante, seguiu-se o tradicional momento das
duas fanfarras tocarem, cada um à sua vez. A Fanfarra Ruy Sena, como sempre dá
show, e nesse ano o Coleginho também fez bonito, mais ainda que nos outros
anos, mesmo que parte do repertório seja repetido. Afinal, assumi a pouco menos
de dois meses, e alguns instrumentos (principalmente os metais)só chegaram na
sexta-feira, dia 2 de setembro. Foi gratificante tocar com e ao lado do Hugo
Lôbo.
Na volta para casa o público
presente na praça ainda se divertia com nossa passagem, mas quando chegamos ao
cruzamento na rua dos Correios, sentimos o cansaço, principalmente os
trompetistas, corneteiros e trombonistas, que já não tinham embocadura. Mas
bravamente, como sempre fizemos, chegamos ao colégio tocando. E para minha
surpresa e alegria, formamos um trenzinho tocando Twist and Shout. Após uma
sessão de fotos no gramado, fomos agraciados com o lanche preparado pelas
irmãs. E a mesa estava realmente farta e
deliciosa. Parabéns às irmãs pela recepção. Chegamos ao fim de mais um desfile
de 7 de setembro. Mesmo voltando para casa e passando o dia em descanso, sei
que muitos, assim como eu, ficaram com as músicas na cabeça. Volta e meia
estavam elas lá, insistindo em fazer a gente querer tocar mais uma vez.
As Estrelas do Desfile (parte 1)
Os bumbeiros mais uma vez
mostraram que são o coração da fanfarra. E um bumbeiro se destaca por fazer
duas funções. Breno conseguiu em todo esse tempo de ensaio coordenar sua ala e
até a fanfarra toda quando preciso. No instante em que soube que sua presença
nas alas do fundo seria primordial, trocou de instrumento com Arthur para
ajudar o Leandro a marcar as músicas no final das filas. Sem o Breno, os
resultados poderiam ser outros. Mais uma vez ele tem o mérito de simbolizar o
espírito de dedicação num grupo musical. Alexandre foi um dos últimos bumbeiros
empossado. Ano passado estava no cornetão; passou esse ano para o surdinho,
prometi para ele um surdão, mas o desloquei para a ala dos bumbos. Cobrar dele
demais depois de tantas mudanças seria injusto e Alexandre cresceu muito no
instrumento. Ainda falta um pouco de confiança e mais precisão no ritmo; mas
isso ele vai conseguir logo logo com o tempo. O fato é que ele está se
divertindo com o bumbo, como ele mesmo disse, e tem tudo para ser um destaque,
com muito empenho ele tem futuro garantido na ala, além de quê tempo ele tem de
sobra na banda, além de ser muito inteligente, o que vai contribuir para que
ele possa ser o melhor. Em contrapartida, Charles começou no bumbo, e teve
tempo suficiente para se dedicar e se tornar um dos novatos mais promissores. É
concentrado e tem força suficiente para marcar com garra a cadência das
músicas. Ítalo já era músico antes de entrar para a fanfarra, o que já ajuda
bastante pois noção rítmica ele tem de sobra. Só faltava aprender a manusear o
instrumento. Mesmo que lhe falte um pouco de potência na batida do bumbo, sobra
nele técnica. Ítalo tem desenvoltura suficiente para despontar nessa ala, e
deve permanecer nela sem sombra de dúvidas. Ingrid voltou desde junho para os
ensaios. E se não fosse sua experiência em liderar o grupo e sua concentração,
teríamos passado por momentos difíceis. Ingrid é uma musicista que tem um
ouvido apuradíssimo e facilidade para aprender. Numa brincadeira com os
instrumentos ela logo pegou o jeito de uma música futura da fanfarra, e foi a
única a saber com 100% de certeza as entradas no quebra do baião. Foi com muita
surpresa esse ano que a fanfarra viu o Bruno. Achava que nunca iria vê-lo
tocar, por causa de sua timidez, e ainda por cima tocando bumbo. Que bom que a
música faz despertar do anonimato pessoas que às vezes não se sentem confiantes
para falar em público. Sem qualquer destemor, Bruno venceu a timidez e se
sagrou um bumbeiro de talento, ano que vem ele mostrará, como veterano, a
experiência que acumulou. Arthur será lembrado duas vezes. Agora porque foi
bumbeiro pela metade do desfile e antes era surdista. O Arthur foi o último
integrante a entrar na banda, e ainda assim, aprendeu muito. Mas sinto que seu
instrumento é mesmo o surdo. Pois quando ainda estava com um surdo menor, se
destacava demais com ele; por isso confiei que o surdão novo seria para ele, e
até lá ele se acostumaria com o bumbo. Arthur é uma grande promessa nas alas de
maior relevância nos sons graves. Lucas Thiago e Gustavo mais uma vez provaram
que são bons e que há muita dedicação com a banda, mesmo tanto tempo longe e
com os compromissos apertados. Ambos só puderam ensaiar na última semana, e
mesmo assim, foi o bastante para voltarem em forma e despontarem. Parabéns a
cada bumbeiro.
As pratistas, embora em menor
número comparado com anos anteriores, mostraram garra e disposição até o fim.
Todos os instrumentos têm seus níveis de cansaço aumentados no desfile, e com
os pratos não é diferente. Para falar a verdade, é talvez a ala mais difícil de
segurar 100% de disposição até o fim. Por que isso? Primeiro, os pratos de 16
polegadas (agora temos alguns de 14) que não são para qualquer uma; segundo,
realizar coreografias das mais mirabolantes em todas as músicas; terceiro, a
extensão dos braços é quase sempre colocada à prova pelos movimentos com o
instrumento. Sei que elas não tem de carregar o instrumento como fazem outras
alas ( a ala dos surdinhos talvez seja a mais cansativa se avaliarmos o tamanho
dos garotos e o instrumento), mas os pratos tem suas dificuldades. Verônica se
sagra pela primeira vez como monitora. E embora fosse difícil a missão,
conseguiu cumprir com muita responsabilidade. Até o fim segurou o pique e tinha
essa responsabilidade, pois muitas meninas olhavam para ela para se motivarem a
tocar tudo certinho. Seu compromisso com a banda e sua dedicação com o
instrumento fazem dela uma referência não apenas para o Coleginho, mas para
qualquer pratista da cidade. Mayla teve um pequeno acidente de percurso no
desfile, mas um alfinete salvou seu dia. A menina teve que conter o desespero,
pois não podia continuar o desfile daquele jeito e também não podia parar de
tocar. Para nossa sorte, tudo correu bem. Apesar de ter que faltar a muitos dos
últimos ensaios, por motivos já esclarecidos, Mayla provou ser mais uma vez
importantíssima para a ala, mesmo precisando só de um pouquinho de concentração
às vezes, mas nos momentos mais importantes ela está lá. Impressionante também
foi a estréia arrebatadora de Rafaela. A novata estava se sentindo tão bem com
o instrumento que não refreei em colocá-la sozinha no desfile, com as atenções
voltadas para ela enquanto acompanhava dois tarolistas. Rafaela em pouco tempo
mostrou firmeza e vontade para tocar.A segurança dela mostra que ,sem problemas
, poderá ser monitora das pratistas. Ana Carolina, a do 3º ano, também pensou
em desistir, mas com muita força de vontade conseguiu superar as dificuldades e
mostrou que a fanfarra pode ser sim um lugar de responsabilidade e diversão. Ela
está de parabéns pelo desempenho acima do esperado que mostrou no desfile.
Maria Luiza ganhou confiança ao longo do tempo. Começou muito tímida e bastante
insegura, seu nervosismo mostrava que ela seria despedaçada logo de cara numa
prova. Mas não foi o que aconteceu. Com a ajuda das monitoras e um pouco de
dedicação, Maria Luiza mostrou ao público que entende muito bem de música, só
precisa mesmo de um pouco mais de esforço físico. Maria Luiza cansa um pouquinho
rápido, o que com o tempo se resolverá, pois saberá canalizar energia. Foi
acompanhada de perto por um professor de música que lhe rendeu muitos elogios.
Ana Carolina, do primeiro ano, teve a infelicidade de ser assaltada dias antes
do desfile. Embora seja uma experiência ruim, não se deixou abater e no mesmo
dia se dedicou aos ensaios. O resultado veio com muito brilho e disposição.
Está de parabéns a moça pela performance. Camila já teve uma trajetória nos
surdinhos e depois passou para os pratos. Mais experiente, tanto numa ala
quanto na outra, tem muita facilidade em aprender; o mais incrível nela é a tranqüilidade
em tocar. Camila toca como se não ligasse para as preocupações ou para o resto
do mundo. Tudo para ela no momento é a música. Por isso se saiu tão bem. Samara teve a difícil missão de aprender tudo
novo e de novo em “inúmeros” 2 ensaios. E mesmo que pensasse em desistir,
sempre soube que ela precisava de pouco para se sair muito bem. Quando a
conheci, era uma das melhores tarolistas, agora como pratista, sabia que
poderia se sair bem, e mais que ela era importante. Por isso acertei quando a convidei
mais uma vez para desfilar, tínhamos alguém de muita segurança e precisão nos
pratos. Parabéns à menina que com tão pouco ensaio se mostrou fenomenal. Isabela
foi uma das pessoas que mais insisti que entrasse na banda (ainda falta o
Leonardo White do 2º B que um dia vou conseguir convencer). E sabia que as
aulas de dança que ela fazia, poderiam ser de grande ajuda na banda; pois ritmo
é algo que ela domina muito bem. E a previsão era certa. Isabela se sagra com o
uma das melhores pratistas não apenas desse ano, mas de todas as formações. Ela
está lá, quase não faz questão de querer aparecer, mas toca tão bem e
coreografa precisamente que acaba se destacando. Laysa teve que ouvir muita
bronca antes de desfilar. Nas provas ela não se saiu nada bem. Mas felizmente
ela mostrou controle emocional, teve determinação em querer aprender e revelou
a todos da fanfarra que ela era um exemplo de que as dificuldade são vencidas
pelo esforço, de que o impulso de melhorar pode vir de palavras duras de uma
bronca e que o talento pode aparecer dessa combinação. Laysa foi segura o tempo
todo, dançou muito bem em todo o desfile e tocou com muita dedicação.
Parabéns a cada pratista
Nota do Editor: Meu olho direito ainda arde bastante, o que torna cansativo escrever em frente ao monitor. Acredito ser difícil terminar tão cedo essa postagem, mas faeri o possível. Ah, também tentarei atualizar o Universo Cult.
Abraço a todos
Abraço a todos